Um dos beneficiados com a doação

Mobilização para tempos de crise climática

As pessoas em situação de rua são a consequência (in)visível do iceberg das mazelas dos tempos em que vivemos. Estão na rua não porque querem, mas porque o sistema onde estamos inseridos não está dando conta de resolver os problemas existentes. Atualmente, em Porto Alegre, conforme dados da prefeitura, vivem cerca de 2.700 pessoas, mas quem atua com esse público estima que esse número é mais que o dobro.

Diante dessa dura realidade, nosso grupo, que se autodenominou Mulheres Phodásticas (com ph pra tirar sarro mesmo) arregaçou as mangas para tentar aliviar o sofrimento e evitar a morte dessas pessoas para um frio fora do comum. As instituições metereológicas previam temperaturas muito baixas para vários pontos do Brasil, inclusive para a Capital gaúcha, o que, de fato, aconteceu.

Nosso grupo nasceu a partir do Coletivo POA INquieta. Reúne mulheres de diferentes expertises, que tem uma participação ativa em distintos segmentos da sociedade. A partir de uma postagem anunciando o frio intenso entre nós, resolvemos nos mobilizar e chamamos uma reunião para o sábado à noite, dia 24 de julho.

Entendendo que a Prefeitura de Porto Alegre não teria uma estrutura suficiente para atender o público vulnerável da rua, definimos como seria a campanha e que o foco dos fundos arrecadados seria destinado para a compra de cobertores. Em 24 horas de campanha, acionando nossas redes e grupos, conseguimos o suficiente para aquisição de 450 cobertores!  Na quarta-feira, já compramos 1020 unidades! E no final da campanha, tínhamos arrecadado R$28.529,23, onde foram adquiridos 1.658 cobertores e 170 lençóis. Contribuíram com a iniciativa, incluindo uma organização internacional, 344 pessoas físicas. A medida que o dinheiro foi sendo depositado na conta de uma voluntária, as compras foram realizadas.

Um sinal de que quando a colaboração e a boa vontade se aliam em torno de causas nobres, o resultado surpreende. Conseguimos distribuir cobertas para 14 organizações entre instituições que há muitos anos trabalham com esse público, até grupos de voluntários sensibilizados com a situação. Desde o início, não tínhamos a pretensão de resolver esse complexo problema social. Nosso objetivo sempre foi emergencial. No entanto, entre as “Mulheres Phodásticas” temos gente antenada no contexto ambiental, sabemos que eventos extremos serão cada vez mais comuns, causando danos para toda a sociedade, mas especialmente aos mais vulneráveis, e acentuando (ainda mais) a desigualdade social. Ou seja, esse tipo de emergência, se nada fizermos, será o nosso “novo normal”.

Sentimos a necessidade de chamar a atenção da sociedade, do poder público, dos tomadores de decisão para a importância de se tomar medidas de enfrentamento à crise climática. Por isso, esse assunto escancara a urgência de sabermos organizar as nossas comunidades para medidas de mitigação e adaptação à era do Antropoceno no Rio Grande do Sul e, particularmente, Porto Alegre.

1 comentário em “Mobilização para tempos de crise climática”

  1. Clarakoury

    Clarakoury@yahoo.com.br
    Excelente texto
    Fazer o bem sem olhar a quem.
    Desejo a voces parabens pela iniciativa e sucesso nas campanhas, estarei sempre atenta as campanhas procurando ajudar.
    Um ano de 2022 com muitas campanhas possiveis.

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