+26 perguntas para o Rio Grande responder

Em meio a maior catástrofe climática brasileira, precisamos continuar fazendo perguntas para tentar entender por que ela nos pegou tão despreparados se já sabíamos que ela poderia vir

Escrevo estas linhas da casa da minha amiga, e também colunista da Sler, Karen Farias, em Porto Alegre. Enquanto a água e a futura poeira não baixam, vou continuar levantando perguntas para promover uma reflexão. Na verdade, o que quero mesmo é que as pessoas não se contentem em saber as coisas pela imprensa convencional. Cada vez mais, a sociedade precisa se dar conta do seu papel. Precisamos todos entender como as coisas da cidade funcionam. Essa situação catastrófica expôs o quanto estamos nas mãos de autoridades que têm demostrado ter pouca ou quase nenhuma noção de responsabilidade com a coletividade.

Então, começo com indagações sobre o contexto da Capital, local onde moro e que me inquieta demais.1. Fiquei sabendo no domingo, dia 5, alguns dias antes do anunciado pela prefeitura de Porto Alegre, da saída do secretário de desenvolvimento social Léo Voigt, supostamente em viagem de férias para a Europa (nota acima assinada por ele). Entrei em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura para saber se era verdade. Recebo horas depois uma nota (acima, à direita) dizendo que ele não trabalhava mais na secretaria e que sua exoneração sairia no Diário Oficial do município na quarta, dia 8. Pergunto: depois do incêndio na Pousada Garoa, onde tantos morreram, por que um secretário deixa o cargo diante da maior catástrofe da história da cidade?

Escrevo estas linhas da casa da minha amiga, e também colunista da Sler, Karen Farias, em Porto Alegre. Enquanto a água e a futura poeira não baixam, vou continuar levantando perguntas para promover uma reflexão. Na verdade, o que quero mesmo é que as pessoas não se contentem em saber as coisas pela imprensa convencional. Cada vez mais, a sociedade precisa se dar conta do seu papel. Precisamos todos entender como as coisas da cidade funcionam. Essa situação catastrófica expôs o quanto estamos nas mãos de autoridades que têm demostrado ter pouca ou quase nenhuma noção de responsabilidade com a coletividade.

Então, começo com indagações sobre o contexto da Capital, local onde moro e que me inquieta demais.1. Fiquei sabendo no domingo, dia 5, alguns dias antes do anunciado pela prefeitura de Porto Alegre, da saída do secretário de desenvolvimento social Léo Voigt, supostamente em viagem de férias para a Europa (nota acima assinada por ele). Entrei em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura para saber se era verdade. Recebo horas depois uma nota (acima, à direita) dizendo que ele não trabalhava mais na secretaria e que sua exoneração sairia no Diário Oficial do município na quarta, dia 8. Pergunto: depois do incêndio na Pousada Garoa, onde tantos morreram, por que um secretário deixa o cargo diante da maior catástrofe da história da cidade?

2. Se era sabido que teríamos mais chuvas, em tempo de El Niño, porque foi “esquecida” a manutenção das comportas e bombas em vários pontos da capital e quando vai começar a investigação sobre a reponsabilidade frente a negligência da prefeitura?

3. Quem vai e pode pressionar o poder público para saber o que realmente aconteceu com o DMAE depois que o Departamento de Esgotos Pluviais foi extinto pelo governo Marchezan?

4. Você gosta que políticos virem repórteres mostrando só o que lhes convém?

5. Você sabia que a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Porto Alegre, finada Smam, tem ao todo cinco biólogos que atuam na área, sendo que dois deverão se aposentar no final do ano?

6. Você desconfia o que pode estar movendo a prefeitura a sucatear o DMAE, o departamento que hoje conta com apenas um terço dos servidores necessários para funcionar bem?

7. Você sabia que os técnicos tanto da prefeitura quanto do governo do Estado trabalham em um ambiente hostil, onde não são consultados para posições técnicas?

8. Quantos técnicos do quadro foram consultados ou participam dos projetos da prefeitura para conceder áreas públicas à iniciativa privada?

9. Você confia no que é veiculado pela prefeitura nas redes sociais ?

10. Se boa parte da cidade fica em áreas planas e quase sempre as ilhas são alagadas, inclusive foi criado o Parque Estadual Delta do Jacuí para isso, do que se conclui que essa região jamais deveria ter sido ocupada como está, por que a prefeitura não conta com um sistema de adaptação às mudanças climáticas?

11. Quanto a prefeitura já gastou em consultoria, estudos para saber o que fazer em tempos de crise climática e como vai implementar se não dispõe de funcionários para dar conta da demanda?

12. O que falta para sair do papel o que os levantamentos de vários institutos, centros de pesquisa de universidades já apontaram?

13. Em 2008, foi lançado o Diagnóstico Ambiental de Porto Alegre, com uma série de estudos que mostram a radiografia da cidade. Eu trabalhei nesse projeto, editei a publicação e lá tem muitos dados sobre as características ambientais do município. Por que a prefeitura tem demonstrado ignorar o que levantamentos como o diagnóstico apontam?

14. Quando a prefeitura fará concurso público para ter mais pessoal atuando no enfrentamento às mudanças climáticas?

15. Você sabe quantos técnicos da prefeitura trabalham com questões de saúde pública, como combate à dengue, entre outras epidemias?

16. Você já conversou com algum funcionário público do Estado e da prefeitura sobre como é o seu ambiente de trabalho, se ele consegue cumprir o seu papel de prestar serviços conforme a sua função?

17. Por que tanto prefeitura como governo do Estado geralmente atendem às solicitações da imprensa através de notas ou declarações de cargos de confiança?

18. Sobre o governo do Estado, quais foram os resultados práticos das reuniões do PróClima?

19. Por que a Defesa Civil do Estado não tem um trabalho efetivo de prevenção de desastres?

20. Por que as pessoas acreditam que os governos estão tendo uma boa atuação no atendimento às vítimas do desastre no Estado?

21. Você conhece a geografia de onde mora e sabia antes desse desastre se corria algum risco?

22. Você sabe por que não está tendo uma coordenação geral no atendimento às vítimas, no recebimento de doações, necessidades de logística (onde falta, onde tem) tanto no Estado quanto no município?

23. Você sabe quais são as competências das esferas de governo em caso de desastre? O que deve fazer uma prefeitura, o governo do Estado e o governo Federal?

24. Você já se perguntou sobre o estrago que é espalhar postagens que promovem pânico, trazem insegurança ou que não tem fonte qualificada?

25. Você acha que tudo isso que está acontecendo não tem nada a ver com você?

26. O que você pode fazer para que políticos, em especial parlamentares gaúchos que tem contribuído para destruição do meio ambiente, parem de espalhar mentiras e tenham responsabilidade com as atuais e futuras gerações?

Vou encerrando hoje por aqui. Se você tiver alguma sugestão de pergunta, pode me mandar. Quem sabe pode virar uma reportagem ou mais um item para essa lista, que espero que toque a mente e o coração de quem lê. Repito o que já escrevi algumas vezes nesse espaço: estamos todos no mesmo barco. Mas talvez você ainda não compreenda o motivo de estar no porão ou no convés.

Foto da Capa: Secom | RS

 

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Texto originalmente publicado na SLER

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