Uma pergunta me deixou com pulgas atrás da orelha no sábado, dia 7 de abril, dia que entrou para a história do Brasil: o que precisamos fazer para transformar as organizações, os grupos em um ambiente apreciativo, colaborativo e ganha-ganha (onde ninguém sai perdendo)? A indagação que surgiu no workshop Metodologias de Investigação Apreciativa, provocou muitas respostas entre os participantes. Vinte pessoas, principalmente oriundas do ambiente corporativo, tiveram a oportunidade de constatar como uma comunicação que leva em conta o lado positivo das coisas pode ser transformadora.
A facilitadora do workshop Heloisa Gappmayerr Biscaia (de cor-de-rosa)conduziu com maestria o processo de aprendizagem, apresentou cases que deixaram todos boquiabertos pelos resultados alcançados quando era assessora da Federação das Indústrias do Estado do Paraná. Ela utilizou diversos recursos para evidenciar o quanto é possível lançar mão de técnicas para melhorarmos não só as relações entre as pessoas, mas tornar um ambiente de engajamento para se encontrar a solução de problemas. De verdade, isso não é conversa pra boi dormir!
Identifiquei muitos pontos em comum com a base na Fluxonomia, como a necessidade de confiar em si mesmo e no fluxo, o impacto sistêmico, a aplicação da Comunicação Não Violenta (CNV) etc. A prática da Investigação Apreciativa (Appreciative Inquiry), assim como a Fluxonomia, também pode auxiliar a viabilizar tantas coisas, desde que usada com consciência e com a intenção em melhorar o bem comum.
Mas o que vem a ser essa Investigação Apreciativa? Em resumo, é a busca do melhor nas pessoas, nos contextos e no mundo em que estão inseridas. Vou tratar do que está emergindo em mim depois desses dois dias de encontro. Saí convicta que preciso aplicar em todos os momentos da minha vida. Ou seja, procurar formular perguntas de forma positiva sobre qualquer coisa (ainda mais nesses tempos que muitos não enxergam luz no fim do túnel).
Trabalho há mais ou menos um quarto de século com questões ambientais. E de tanto escrever reportagens, elaborar cartilhas, folders, trabalhar em vários lados do balcão, percebi que nada adiantava elaborar só materiais e fazer campanhas na mídia. Era necessário tocar as pessoas de outra forma.
Desde 2014, comecei estudar e pesquisar sobre funcionamento de grupos. Tenho feito cursos, participado de Art of Hosting (AoH) para entender melhor a dinâmica de comportamento das pessoas, seja na família, em uma organização, em um grupo qualquer. E nesse workshop sobre Investigação Apreciativa, encontrei vários pontos em comum com outras metodologias, um deles é sobre o poder das frases e perguntas positivas.
Isso foi comprovado cientificamente pelo criador da metodologia, David Cooperrider. Heloisa contou que David fez suas pesquisas em um hospital que tinha relacionamentos truncados, permeados de mágoas e rancores. Depois de um tempo indagando qual era o problema que havia ocorrido para o grupo de dirigentes, a cada semana, percebeu que as pessoas se exaltavam ainda mais quando falavam dos pontos de discórdia.
Até que um dia, ele perguntou o que de bom havia acontecido nos últimos dias. Houve um silêncio profundo, era difícil para as pessoas mudar o mindset. A chefe da enfermagem então lembrou que havia um médico que todas enfermeiras pediam para trabalhar com ele. Outro gerente acrescentou que esse mesmo médico também pedia os materiais no almoxarifado com antecedência para as cirurgias. E isso tudo contribuía para que os procedimentos feitos por esse médico fossem muito bem sucedidos. Ou seja, o ponto focado foi o lado positivo, os ânimos de todos começaram a mudar ao falar sobre esse ângulo. Aos poucos, essas conversas foram provocando uma verdadeira revolução na instituição de saúde.
Para uma jornalista que aprendeu desde a infância a ver as coisas sob outros espectros, julgando, tirando conclusões, supondo coisas de acordo com a experiência, essa metodologia é uma baita provocação. Quebra total de paradigma. Mas, como já aceitei e encarei muitos outros desafios na minha vida, não vou desanimar para esse (ainda mais agora que já encerrei o meu ciclo de três anos de síndica).
Estou animada com essa descoberta, apesar de todo contexto político que Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil e mundo atravessam (me esforço muito para não entrar na energia da desgraça que paira nas redes sociais, na mídia etc). Mas fiquei bem inquieta com outra pergunta que surgiu no encontro: se é tão revolucionária essa metodologia, por que não é aplicada amplamente? (já que foi muito utilizada pela Fiep quando o presidente era o Rodrigo Costa da Rocha Loures (2003 a 2011), dono da Nutrimental.
Saí do encontro com um sentimento de tentar fazer a minha parte. Daí a razão deste texto. Posso disponibilizar textos e histórias inspiradoras. Mas para isso, preciso ter repertório de enredos positivos. Você pode colaborar comigo?
Tenho me esforçado para não publicar algo que provoque sentimentos de raiva, ódio ou desprezo. Se pelo menos quem ler este texto fizer algo parecido, vai fazer uma boa diferença nas suas redes de contato. Bora?
Nasci em 1952, na noite chuvosa de 7 de maio e de engarrafamento intenso no trânsito…então nasci nas mãos de meu pai (emergência!) já que o obstetra de minha mãe estava “engarrafado”. Relato isso para dividir com alegria a narrativa deste nascimento com aparência de desastroso e “ilegal” (pai não faz parto de seu filho) e que ao contrário resultou em uma relação absoluta de grande intensidade de amor duplicado! Pai e “obstetra”. Bem esta foi a forma de revelar a minha idade de forma diferente e dizer que o texto escrito por vcs me deu a oportunidade de praticar o viés positivo em qualquer narrativa…
Gratidão por ter me oferecido os meus sorrisos, no relato da minha idade, que ao invés do “peso” que tal revelação impõe (quase 70 anos), ganhou leveza!
Hoje estando aposentada me sinto absolutamente curiosa e viva em aprender e trocar acerca de novos movimentos no nível profissional e pessoal.
Adorei!