Duas mulheres inovadoras contam como reaproveitar e reciclar
Aliar a criatividade, a inovação às várias dimensões da sustentabilidade são características marcantes das convidadas da 12ª edição da nova temporada de lives Nas Ondas das Transição. Esse encontro, que pode ser conferido no meu YouTube, está imperdível por vários motivos. Primeiro, porque as participantes são duas mulheres que fazem a diferença por onde passam. Conheço as duas de algum tempo e garanto: temos muito a aprender com elas.
A live Inovação do Reaproveitamento à Reciclagem apontou vários caminhos pra quem quer compreender melhor o universo dos resíduos, que é um tesouro a ser explorado. O encontro integrou a programação da Semana Lixo Zero de Porto Alegre. As craques Thérèse Hofmann e Ana Borba, da Lixiki falaram de vários processos e possibilidades sobre reciclagem e reaproveitamento.
O assunto rendeu tanto, que a gravação ao vivo terminou e nós continuamos conversando depois por quase uma hora! E muitas informações vieram à tona, pois esse tema rende demais em todas as áreas: social, artística, cultural, econômica, ambiental…
A professora, mestre em arte e doutora em Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília Thérèse contou como surgiu a ideia de reciclar as bitucas de cigarro. Revelou o quanto a sociedade e o processo da própria universidade ganham com a vivência multidisciplinar. A UnB permite que os alunos escolham cursar cadeiras diferentes do curso de origem. E a transformação das bitucas em papel, foi uma descoberta de um aluno da Biologia durante a pesquisa na aula de artes da professora. Hoje ela detém patentes registradas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial da reciclagem de papel moeda (registrada em 1996 e concedida em 2008) e de bitucas de cigarro (registrada em 2003 e concedida em 2014). Confira o vídeo para saber mais aqui.
A professora pesquisa metodologias, educação e materiais em artes visuais, políticas públicas e inovação, ensino a distância e inclusão social. Para Thérèse, há um imenso campo a ser descoberto utilizando recursos que são abundantes, mas que boa parte das pessoas ainda não se deu por conta. Saiba mais no blog do Laboratório Experimental de Materiais Expressivos da Unb.
Há aspecto é bem importante para compreender quando se fala em reciclagem: a escala.
“Ao trabalharmos com inclusão social privilegiando a mão de obra, temos que ter dimensão de escala do volume de produção deste grupo. Por exemplo, quem trabalha com papel artesanal nunca vai alcançar a produção de uma indústria de papel. E isto é assim mesmo. São processos diferentes e propostas diferentes. Os produtores artesanais de papel usam como matéria prima a reciclagem de papéis velhos e o reaproveitamento de resíduos agrícolas, em sua grande maioria resíduos não lenhosos/ não madeireiros. As indústrias de celulose e papel, por sua vez, tem como matriz a madeira de pinus e eucalipto, e escalas de produção muito elevadas,” explica a professora.
Os papeis artesanais têm um público diferenciado, como participantes de eventos, casamentos, congressos, atividades mais exclusivas e com menor escala. Um exemplo dado por ela é o Papel Semente.
Para fazer papel reciclado artesanal, podemos incluir pessoas em situação de vulnerabilidade. “Isso permite dar dignidade a cidadãos que podem gerar renda própria com a necessidade de investimentos mais modestos do que a indústria”, acrescenta. Thérèse trabalha na capacitação de egressos do sistema prisional, menores em cumprimento de medidas sócio educativas e agricultores familiares.
Para quem quer adquirir papeis reciclados em larga escala, ela cita o trabalho desenvolvido pela Moinho Brasil.
Upcycling criativo
A alma da Lixiki é o reaproveitamento. Ana se autointitula “engenheira de upcycling”, mas ela é mais que isso. Ela é artista, empreendedora, criadora de projetos, possibilidades, uma autêntica fluxonomista. Está sempre inventando alguma forma de transformar coisas em algo útil, e, ao mesmo tempo, procura dar possibilidades que outras pessoas aprendam com ela.
Ana defende que não tenhamos mais lixeiras. Ela propõe que cada um crie a sua “descarteira”. Ela ensina como fazer. Confira aqui.
A descarteira é um contentor, cápsula ou receptáculo para você armazenar as lindezas em forma de embalagens que chegam na sua casa e você acaba descartando antes de reutilizar, comenta a inventora.
Ana participou de um projeto do Centro de Pesquisa e Inovação do Instituto Europeu de Design que utilizou a madeira reciclada das cruzetas dos postes da rede elétrica do estado de São Paulo. Saiba mais aqui.
E também marcou presença no DW! SP, a maior Semana de Design da América Latina e uma das quatro maiores do mundo, com sua criação, o cabopó.
“ É um elemento vazado inspirado no cobogó pernambucano e foi batizado como COBOPÓ, porque é produzido a partir do pó da madeira. Como tudo que fazemos na LIXIKI, ele foi feito de forma simples e o processo pensado para ser reproduzido por qualquer pessoa, com baixa tecnologia + baixa escala,” conta a engenheira.
Ana integra o movimento lixo invisível que está viabilizando o COOK BOOK – Receitas para transformar o que tem em sua lixeira. O movimento @lixoinvisivel aponta possibilidades para que os resíduos que produzimos em casa sejam ressignificados de forma consciente. E a descarteira estará como uma das “receitas”do livro.
E ela também foi convida para dar uma palestra sobre sua experiência como cliente de uma turma da arquitetura no Greenbuilding. Saiba mais aqui.
Clique aqui e confira a live no meu YouTube (aproveita e já te inscreve no canal para receber as notificações!)
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