Encerro o ano refletindo sobre a trajetória de um ano marcado por eventos extremos
No último artigo deste 2023 veio à tona tantas coisas… E, pra mim, pessoalmente, foi um ano decisivo em vários aspectos. Gostei do artigo do Fernando Guedes, aqui na Sler, onde ele aborda alguns lados do fingimento.
Quanta coisa a nossa cultura aceita só para inglês ver? Se os humanos são acostumados a fazer as coisas de forma a enganar os outros, ou a si mesmos, na natureza, isso não acontece. E os eventos extremos, o aumento da temperatura que o digam. Esse ano de 2023, recordista de calor em tantos pontos do planeta, espero que mais gente tenha se ligado, que não dá mais para fazer de conta que tudo está igual como anos atrás. Embora muitos políticos preocupados com as eleições ignorem o que significa a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas.
Depois de ter me envolvido em uma faxina, daquelas de vários dias e com uma ótima profissional junto, onde se arreda tudo para limpar os cantos, meu desejo para esse ano que se aproxima é que todos tenham saúde e disposição para fazerem faxinas nas suas vidas. Limpar, mexer, tirar o pó é algo, confesso, incômodo. Creio que para a maior parte das pessoas.
Estou com pilhas de papeis e livros, entre outras coisitas, para ajeitar na minha casa. E sempre que olho, me dá um desânimo… Nunca estou no momento ideal para deixar a preguiça de lado e encarar o que está a minha frente, mas que finjo não me incomodar. Tenho arquivos de papel. Preciso limpar minhas caixas de e-mail.
Para muitos, isso é uma questão de prioridade. Outros, é relaxamento. Há quem diga que é uma casa, uma vida com criatividade, me apontou a Lelei, que escreve aqui na Sler, esses dias. O fato é que o ato em si de mexer em algo que está estático, atraindo poeira ou ocupando espaço, por si só, pode ser considerado um ato revolucionário. Ainda mais para quem vem de uma família de acumuladores.
É uma mudança real, que só depende de nós. Só que mesmo assim, como é difícil o sair da rotina e se agilizar para aliviar o peso da estante. Como é desafiador o primeiro passo para organizar aquilo que um dia eu poderei aproveitar. O problema é o que acontece fora impacta o que posso resolver dentro de casa. Dentro de mim. E aí, aquilo que depende exclusivamente de mim, toma um tamanho que parece me paralisar, me impedir e não dar conta. E ainda viro um exemplo pro filho, que se parece muito comigo. Me sinto culpada por não ser uma mãe melhor.
Em 2024, eu estimo que todos nós tenhamos saúde física e mental e discernimento para se desfazer do peso desnecessário. Das pedras dentro da mochila em uma trilha. Daquilo que nos entristece por algum motivo que nem sabemos direito o porquê. E como há sujeira em baixo do tapete! Mesmo sem ele, o material particulado acaba indo para algum canto onde se pouco transita.
Esse 2023 foi um ano em que fui obrigada a parar de fazer coisas que gosto. Um ano que despertei lados adormecidos dentro de mim. Eu desejo e vou vibrar para que o ano que vem seja como este mês de dezembro, mas sem rastros de sangue, decorrência da pele aberta. Com certeza, encerro o ano dando a volta por cima. Deixo para trás coisas difíceis de escrever. E tudo que quero mesmo é estar mais perto da natureza. Porque com ela, não há fingimento por muito tempo.
Foto da Capa: Freepik
Texto publicado originalmente no SLER