Como as mudanças climáticas afetam a sua vida?

Indagação provoca reflexões sobre as escolhas que venho fazendo ao longo da minha vida

Como as mudanças climáticas afetam a minha vida? Esta foi a pergunta feita pela jornalista Lara Ely em um grupo de WhattsApp em que faço parte. Ela está colhendo impressões para repercutir os resultados da pesquisa Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros 2022. Vale muito conferir o quanto os conterrâneos estão evoluindo na compreensão sobre o tema.

Logo entrei em contato, avisando que aceitava responder. Acredito que todos deveriam pensar sobre essa indagação. Cada um vai se pronunciar, ou não, conforme seus diferentes níveis de conhecimento e de consciência. Enxergamos com os olhos da nossa experiência. Nos expressamos conforme aquilo que conseguimos processar, absorver. Realmente, espero que os tomadores de decisão, os atingidos pelos desastres provocados por eventos extremos e também quem está antenado, se deem por conta do quão profunda é essa provocação.

Não faz muito tempo, cerca de 10, 15 anos atrás, esse assunto ficava restrito a cientistas e ambientalistas. Mas hoje, em quase todos telejornais, há sempre alguma notícia atrelada às mudanças climáticas. Esse mês de setembro foi o mais quente da história, desde que começaram as medições, anunciou o programa de observação Copernicus, da União Europeia (UE).

No Brasil, enquanto a região Norte sofre com uma seca que atrapalha a navegabilidade dos rios, na região Sul, estradas, pontes, cidades inteiras são afetadas por tempestades, enxurradas, deslizamentos. Ou seja, as mudanças climáticas afetam a vida de todo mundo. E, no Rio Grande do Sul, temos presenciado mais eventos extremos, como ciclones e granizo, que outros estados. Tenho tido contato com pesquisas que atestam essa afirmação.

Quanto mais sabemos, mais notamos o quanto uma coisa está conectada na outra. E aí, o interesse pela proteção do ambiente, a adoção de práticas mais sustentáveis, a consciência de que nossas escolhas interferem no rumo da história, acredito, tem uma relação direta sobre o quanto essa pergunta faz sentido.

É comum ouvir: mas e o que eu posso fazer diante desse quadro? Bueno, acho que a primeiríssima coisa é saber escolher bem em quem votar. Seu candidato a qualquer cargo pode acelerar rumo ao precipício ou tentar ir devagarinho. Então, cobrar medidas dos governantes e tomadores de decisão sobre o quanto devem ser implantadas políticas públicas para mitigar e se adaptar a esses tempos é fundamental. Pressionar marcas, empresas por produtos e serviços menos poluentes e impactantes é outra alternativa. Mas antes disso, vale tentar fazer a lição de casa.

Eu, por exemplo, venho procurando aplicar na minha rotina medidas que todo mundo poderia adotar. Tudo que é produzido, transportado, preparado emite gases de efeito estufa. Só em não desperdiçarmos alimentos (não deixar comida no prato, e  que não estrague na geladeira), comprar o que realmente é preciso (mega desafio) e procurar usar o transporte coletivo, acho que já é alguma coisa. Mas, como jornalista, artista, mãe, cidadã, ex-síndica, sinto que preciso e que podemos fazer muito mais.

O canal do YouTube:  O que você faria se soubesse o que eu sei, do professor Alexandre Araújo Costa, é um exemplo nítido do quanto cada um pode fazer a sua parte. A frase que dá nome ao canal e ao blog, que iniciou em 2012, foi proferida por Jim Hansen, pesquisador sênior da NASA. Ele foi preso em frente à Casa Branca em um protesto por denunciar os rumos nada sustentáveis do futuro da humanidade. Hansen defendia a necessidade de os cientistas do clima comunicarem à sociedade seus conhecimentos. Seu argumento era de que todos precisam saber sobre as questões cruciais para o futuro do gênero humano e da vida no planeta.

Eu, enquanto trabalhadora da área da comunicação, artista que usa linguagens diferentes para me expressar, venho utilizando as ferramentas que disponho para alertar que estamos todos no mesmo barco, arca, nau, no que acharem melhor para definir a situação. Só que para lidar com tantas informações, a maior parte das vezes, nada animadoras, e sentimentos é preciso ter algumas convicções. E, principalmente,  estar com a saúde mental “nos trinks” para não se desesperar.

Viver o momento presente, agradecer os momentos significativos, sentir que nada é por acaso e que há algo muito maior por trás de tudo, pode ser um caminho. Cada um deve ter o seu refúgio, sua crença, religião, seus escapes para conseguir suportar as mudanças em curso. Estar informado sobre o quanto meia dúzia de trilionários decidem sobre o futuro ajuda a atender o quanto há engrenagens de manipulação no meio desse contexto. Se tem alguma dúvida sobre isso, dê uma investigada no que a indústria dos combustíveis fósseis vem fazendo para retardar a redução do uso do petróleo.

As mudanças climáticas provocam muito mais do que eventos extremos. Estão alterando os limites e os contornos de mapas. O oceano está subindo, devagarinho. O gelo dos polos e das montanhas está derretendo… então, queridos leitores, queridas leitoras. De nada adianta o desespero. É preciso fazer o que está a nosso alcance, para quando partirmos estarmos com a consciência tranquila de que fizemos o que podíamos. Tudo isso é algo muito novo na história da humanidade. Gerações passadas jamais pensaram que deixariam o mundo tão destruído para seus descendentes. Só que agora nós sabemos. E aí, nossas escolhas tem relação com a nossa ética e com a nossa responsabilidade perante a sucessão da vida de todos os seres.

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