Precisamos conjugar o verbo esperançar

Diante do maior evento climático do Rio Grande do Sul, é reconfortante ver a disposição de tantos voluntários em salvar vidas e aliviar o sofrimento de tanta gente *Por Sílvia Marcuzzo

Este texto inaugura um novo espaço na Sler. Histórias, relatos, desabafos, denúncias e o que mais vier sobre esse momento dramático da nossa história. O maior evento climático do Rio Grande do Sul – talvez do Brasil -, o desastre marcou a vida de milhares de gaúchos de várias querências. Mais precisamente umas 336 cidades, segundo o número divulgado pelo governo do Estado do final de domingo, dia 5 de maio.

Eu passei a maior parte do dia acompanhando grupos de WhatsApp, onde gente de todos os lugares tentava encontrar desaparecidos, pedir informações, saber onde ajudar. Foi duro, mas emocionante sentir o quanto as pessoas estão mobilizadas, querendo acolher, confortar que está sendo mais afetado por essa desgraça.

Hoje, como já falei em live, é a hora de nos unirmos. É o momento de salvar vidas, de deixar de lado desavenças para dar o mínimo conforto a quem precisa. Fiquei feliz, que pelas 20h30, recebi a notícia que moça que um grupo de Guaíba estava procurando foi encontrada em cima de um telhado. Ainda tem muita gente para ser resgatada.

Diante de tanta desgraça, com cidades inteiras destruídas, o que é ficar uns dias sem tomar um banho com água abundante? Quem mora em Porto Alegre, precisa racionar água. Muita gente está também sem energia elétrica, porque as subestações precisaram ser desligadas. Prejuízos incalculáveis à vista.

Mas como estamos ainda no meio da função, com helicópteros sobrevoando a nossa cabeça – segundo a Força Aérea 42 aeronaves estão em operação no Estado –  as ruas em volta do prédio onde moro tomadas de águas plácidas, precisamos seguir firmes, resilientes.

Desde sexta estou a mil, cobrindo, conversando com gente de vários lugares. E divulgando nossa campanha, que é para ajudar as catadoras que perderam tudo.  Cheguei a ficar com dor no braço de tanta tensão em acompanhar uns 20 grupos com todo tipo de informação.

Enfrentar essa fase histórica requer mais que saúde mental: resiliência, não se deixar abater por bobagem e ter energia elétrica. Para aqueles que categorizam os moradores de POA, sou moradora premium: tenho luz, água (racionada), mas com baldes cheios de água da chuva, se precisar.

Para vocês terem uma ideia, vou compartilhar algumas mensagens que li em grupos hoje, porque precisamos conjugar o verbo esperançar.

“Hoje passamos manhã e tarde no centro de triagem na CEEE, com muita gente ajudando, um clima muito bom, cada grupo se organizando da forma que achava mais conveniente. Chegamos em casa exaustos, com cheiro de mofo, loucos por um banho e não tinha mais água. Não sabemos quando voltará, talvez demore 3, 4 dias ou mais. Esta é a situação de 70% da população de Porto Alegre. Mas temos água para beber, temos comida, energia e não fomos atingidos pela enchente, então vamos continuar ajudando quem mais precisa. “Banho tcheco”, lenço úmido, vamos nos virar nestes dias. Abraços, só de longe!”

“Aqui em casa tá igualzinho. Eu tô trabalhando aí na paróquia Pompeia, que normalmente atende refugiados. Só não tenho cheiro de mofo porque meu departamento é o de Alimentação. E ainda tô podendo dar abraços de perto”.

 “Vim pra casa dos meus pais hoje à tarde, mulheres. Minha mãe estava desesperada. Como eu já estava sem luz e água (na rua) chegou ao lado do meu prédio, resolvi sair antes de não conseguir mais, e não poder atender mais ninguém.  Já sei que não poderei trabalhar nesta semana. Então, vou tentar auxiliar em algum lugar pro lado da zona norte. Estou no Cristo Redentor. Na Sogipa estão precisando de gente?”

“👆🏽em Porto Alegre, acampamentos dos desabrigados. MUITAS crianças. Um pessoal que eu conheço de cinema e educação de POA tá fazendo exibição de filmes pras crianças ❤️🥰”

 “Somos um grupo de médicos e psicólogos voluntários para atender online os irmãos do Rio Grande do Sul, por favor divulgue para que os necessitados possam ser atendidos

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 Link para enviar aos Pacientes AQUI.

Pessoal, nos reunimos em um grande grupo de médicos e psicólogos do Brasil inteiro e estamos atendendo online, gratuitamente. Inclusive para fazer receitas que foram perdidas nas cheias. Vou passar aqui o link para marcação de consulta. Por favor, divulguem: LINK AQUI

Se souberem de alguém que está ilhado e precisando ser resgatado, o Clube Jangadeiros montou um QG para resgate. É só ligar para o número: (51)3268.0080. 

Pessoal, aviso para todos aqui do grupo que querem ajudar. Temos disponibilidade para receber pessoas em situação de emergência. Infelizmente os órgãos responsáveis não estão conseguindo direcionar as pessoas para cá. Com isso toda a estrutura que montamos está ociosa, temos médicos, remédios, roupas, comida, colchão, banho, acolhimento para as pessoas vulneráveis. 

Nos ajudem e trazer essas pessoas para cá, quem tiver carro e puder trazer, divulgar nas redes sociais, temos cerca de 90 leitos e estamos disponíveis e um batalhão de 300 voluntários.

 Rua Tupi, 212 – Passo D’Areia”

Acima, alguns exemplos… Essa disposição em ajudar vai precisar ir longe. E você, está a fim de ajudar? Se está longe, dou uma dica, colabore com a nossa campanha para atenuar o sofrimento das catadoras. Uma iniciativa do grupo de resíduos do POA Inquieta, Mulheres Phodásticas e Fórum de Catadores de Porto Alegre.

💵Doações em dinheiro:

Pix: ceareciclandovidas@gmail.com

Depósito bancário: Centro Marli Medeiros

Banrisul. Agência: 0027. C.C.: 06.855515.8-7

🎁Doações de cestas básicas podem ser entregues no Centro de Educação Ambiental (CEA): rua T, 143,bairro Jardim do Salso (Contato: Paula Medeiros (51) 985.002.474)

☺️ Por favor, envie o comprovante para o mesmo e-mail do Pix: ceareciclandovidas@gmail.com

 Foto da Capa: Gustavo Mansur/Secom RS

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Texto originalmente publicado na SLER

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