Mais veneno na mesa e farmácias nas ruas

Sinal dos tempos: nosso ciclo de consumo inclui alimentos com agrotóxicos e aumento de medicamentos

Os tipos e a quantidade de estabelecimentos comerciais são retratos de uma época. São recortes dos interesses e necessidades de um tempo. A maneira de comprar, o acesso, o que sai mais das prateleiras são indicadores da demanda de qualquer sociedade. E, no nosso momento atual, pelo que tenho visto, estamos muito doentes.

É impressionante a quantidade de farmácias que abriram nos municípios onde transito nos últimos meses. Para ter uma ideia, em um raio de 200 metros da minha casa em Porto Alegre, há sete farmácias. Talvez pela pandemia da Covid, pelo aumento de distúrbios, é difícil hoje encontrar alguém que não tome algum tipo de medicação.

Mas o mais cruel disso tudo é perceber o ciclo que o nosso sistema nos impõe. Ficamos doentes muitas vezes porque precisamos trabalhar além da conta, por não ter uma boa qualidade de vida. Daí o caminho mais curto é tomar remédios, por vezes para tentar atacar problemas crônicos, que vão se cristalizando com o passar dos anos.

Só que esse método acaba provocando efeitos colaterais ao longo do tempo. Isso acaba nos levando a tomar outras fórmulas para tentar minimizar o estrago que pode se agravar se alguma atitude não for adotada.

Isso sem falar no ciclo dos agrotóxicos. Comemos em óleos, farináceos, frutas e verduras uma quantidade incalculável de pesticidas e fugicidas fabricados pelas mesmas indústrias que depois vão vender os remédios para as doenças que ajudaram a fabricar.

Um ciclo vicioso do nosso tempo. Menos árvores, patrimônio histórico preservado e mais estacionamento e estabelecimentos que dizem vender saúde. Onde a humanidade, em especial os brasileiros vão parar diante de um contexto político que faz acordos de toma-lá-da-cá para que os órgãos que analisam os danos da saúde e do meio ambiente sejam afastados da análise do impacto dos agrotóxicos?

E ainda tem outro lado cruel dessa conta que é produzir alimentos envenenados para exportar e deixar todo passivo ambiental e seus doentes para que o Brasil, ou melhor nós brasileiros, administrarmos. O lucro das exportações vai para uma minoria e a maioria é que paga a conta com a sua própria saúde. Rios, solos, alimentos e até a água que estamos tomando estão envenenados.

Todo esse universo das transformações, onde a cada dia surgem novas substâncias, novas fórmulas, assim como novos distúrbios sejam mentais, intestinais, endocrinológios ou neurológicos, reflete no nosso dia a dia. E quem deveria zelar pelo bem comum se regozija de defender o Brasil. Que tempos. Qual o seu remédio para essa situação?

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4 comentários em “Mais veneno na mesa e farmácias nas ruas”

  1. O uso de fármacos aumentou muito nas última décadas e, depois de excretados, poluem os cursos d’água onde captamos água para beber – os sistemas de tratamento ainda não dão conta de extrair tanta química. Os agrotóxicos, além de contaminarem o que comemos e a água que bebemos, espalham a morte por todo o meio ambiente. Somos uma civilização doente rumando ao suicídio coletivo. Aqueles conscientes dessa insanidade nos resta lutar de todas as formas que estiverem ao nosso alcance.

  2. Francisco Antônio Viveiros dos Reis Viveiros dos Reis

    ” A consciência é nossa capacidade de fazer escolhas.” Daniel Mundurukú …um governo e congresso de pouca consciência pela vida…

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