Reinventando Organizações na prática — casos do RS

Encontro reuniu cases de empresas que mostram o quanto é possível executar mudanças no mundo quando há engajamento ao propósito

Roda de conversa no auditório da Área 51. Da esquerda para direita, Adriane, do Sesc, eu, Simone, da Aerolito, Henrique, da cuidadoria, Gabriel, da BSMotion, Guilherme, da Pulsar e Schana, do Hub 528Hz.

Com o auditório da Área 51 lotado, o lançamento em Porto Alegre do livro Reinventando as Organizações — Um Guia para Criar Organizações Inspiradas no Próximo Estágio da Consciência Humana, reuniu pessoas de diversas áreas de atuação. Henrique Katahira, da cuidadoria, um dos responsáveis pela edição brasileira, contou um pouco do processo de produção, que seguiu justamente um dos preceitos do livro: autonomia e confiança entre os colaboradores.

O trabalho envolveu cerca de uma centena de pessoas, sendo cem voluntários que colaboraram na tradução do livro deFrederic Laloux. A diagramação e a impressão foram viabilizadas por financiamento coletivo. A editora Voo aceitou condições distintas das utilizadas pelo mercado editorial. A cuidadoria comprou os direitos de tradução do livro, paga royalties para o autor. A editora aceitou que o livro fosse disponibilizado em PDF mediante a uma contribuição “consciente”.

Depois da palestra de Henrique, que deixou uma carreira de 20 anos na área de TI, para seguir o próprio propósito, houve depoimentos de como se está aplicando os princípios do livro — totalmente disruptivo — no Rio Grande do Sul. “Foi inspirador conferir o que os gaúchos estão fazendo”, revelou Henrique. A Pulsar, uma organização em rede composta por empreendedores inovou na forma de distribuição de resultados financeiros, que leva em conta uma série de fatores que geralmente não são considerados em uma empresa convencional.

Guilherme ao centro, ao lado de Schana. Esta e as fotos acima são de Eduardo Cheffe.

Guilherme Viegas saiu da área pública para empreender na Pulsar. No encontro, estilo roda de conversa, mediado por mim, Silvia Franz Marcuzzo, ele explicou como é feita distribuição do resultado entre os participantes de um projeto. Não existe uma remuneração fixa e sim cada time tem autonomia para definir como será o pagamento após a execução do projeto. Durante uma reunião de celebração, com feedbacks e apreciações sobre o envolvimento de cada um, o time conversa e divide os recursos até que todos se sintam contemplados. Só daí o processo se completa. Para isso, esclarece Guilherme, há fatores que interferem na decisão, “não só o mérito, mas também o cuidado, o potencial a ser desenvolvido e o olhar sistêmico para a organização e para as pessoas”. Mais de 500 mil reais já foram distribuídos dessa forma, conforme Guilherme.

A plateia também ficou impressionada com os movimentos doSESC/RS. Adriane Moraes, atual responsável pelas áreas de estratégia, inovação, sustentabilidade e TI no SESC/RS, disse que a organização já começou a implantar mudanças dentro de sua estrutura repleta de regras. Ela coordena a implantação de modelos e aplicação de metodologias e ferramentas de gestão. “Sempre acreditei que toda organização tem que ter alma”, afirmou, salientando que depois que conheceu a Fluxonomia 4D implementou alguns princípios de autogestão. “Na avaliação de desempenho, não olhamos mais os pontos fracos, mas os fortes. Queremos ter pessoas certas nos lugares certos”.

A vinda do Henrique e a produção do evento também foram realizadas de forma colaborativa. O encontro teve diferentes maneira de interação com o público e os painelistas responderam a todas as perguntas apresentadas. Quem se dedicou bastante à tradução e a viabilização da obra de Laloux desde o começo, foi Schana Breyer. “Quando vi o anúncio no Facebook pedindo gente para ajudar a traduzir, logo senti que precisava participar, pois já conhecia a versão do livro em inglês”. Para Schana — que também tem raízes em Cachoeira do Sul, um município que fica no Centro do Estado, como eu — o mundo coorporativo está doente.

Ela tem formação em contabilidade e deixou pra trás o esquema de emprego tradicional para criar o Hub 528Hz (frequência que vibra o amor), um hub formado por empresas sete empresas focadas na transformação organizacional que implementam na prática os conceitos do livro. Schana vem fomentando transformações estruturais como a do SESC/RS junto a Fluxonomia 4D, da qual fiz a formação e onde a conheci, anos atrás. Salientou o pioneirismo do Rio Grande do Sul nas iniciativas com cooperação e colaboração, tendo como destaque a Mercur e SESC/RS.

O encontro foi realizado na Área 51, um dos coworkings mais bacanas da Capital gaúcha. Lá fica a Aerolito, que faz parte do grupo Perestroika e é um laboratório que explora cenários futuros. Simone Gasperin, falou que sentia na pele “um incômodo em relação ao modelo corporativo tradicional”. Deixou o mercado publicitário, onde foi uma diretora de mídia, para ir para a empresa liderada por Tiago Mattos. Ao chegar na nova empresa, viu o nome de Laloux escrito no quadro. “Em uma empresa que está olhando para esse tipo de movimento que eu quero trabalhar”, concluiu Simone, que conhecia o autor de um curso que fez na Hyper Island.

Já o engenheiro de controle e automação Gabriel Sffair, daBSMotion, que desenvolve e fabrica simuladores de movimento, falou o quanto a leitura do livro foi decisiva para alinhar o time da sua empresa ao o seu propósito.

O publicitário João Satt, proprietário da G5, depois da fala de Henrique sentenciou: “a apresentação impactou a todos pela perfeita pertinência entre o propósito e expectativa das novas gerações. Não basta ser financeiramente atraente: tem que fazer sentido. Daqui a muitos anos, provavelmente, o que estamos vivendo poderá ser chamada da era da consciência”.

Grupo interagiu com a palestra de Henrique através do aplicativo POX. Foto: Henrique Katahira

Workshop sobre as práticas do Reinventando as Organizações

Pra quem quiser entender uma pouco mais sobre essa revolução que já andamento em tantas organizações, ainda há tempo de se inscrever no workshop Gestão Colaborativa de Projetos. No sábado, dia 18 de agosto, das 9h às 18h, o participante terá contato com práticas de gestão das organizações descritas por Frederic Laloux no livro Reinventando as Organizações. Serão apresentadas práticas para gerir projetos de forma colaborativa honrando os princípios de organizações evolutivas a partir da inteligência coletiva. A atividade será noGinkgo 788 (agora na Rua Coronel Bordini, 332), bairro Auxiliadora. Inscrições http://bit.ly/GCPPOA

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