Diante do contexto que estamos mergulhados, principalmente no Brasil, ler o livro Design de Culturas Regenerativas, de Daniel Christian Wahl é um bálsamo para a alma. Além de ser otimista, explicita através de diversos exemplos o quanto já temos casos de gente que está se espelhando no funcionamento da natureza para superar desafios planetários. Ele se baseia na visão sistêmica de como podemos parar de perseguir a “miragem da certeza e do controle” em um mundo que é complexo e imprevisível.
A obra, da Bambual Editora, traz um apanhado geral de pesquisas, teorias e aplicações da ciência que conduzem a um repensar o desenvolvimento para ser mais que sustentável: ser transformador. Em suas 376 páginas, sendo mais de 20 só de referências bibliográficas, Daniel evidencia a necessidade do “interser” do humano aos sistemas naturais. Utiliza diversos recursos, como perguntas, esquemas, desenhos, imagens, como as escalas do design regenerativo para despertar no leitor a reflexão da sua condição em relação ao planeta. O livro é recheado de exemplos de como a humanidade pode se regenerar com ações concretas, entre pessoas e instituições.
Outro recurso utilizado pelo autor é o abundante uso de citações de pesquisadores e estudos recentes. Ele é um entusiasta de novas economias, principalmente a colaborativa e a compartilhada. Eis um trecho de uma citação de Botsman, Rogers, de 2011:
Negócios baseados em trocas, bancos de tempo, sistemas locais de troca de moeda (LETS), permutas, empréstimos sociais, moedas P2P, troca de ferramentas, compartilhamento de terras, troca de roupas, compartilhamento de brinquedos, de carros, de bicicletas, de caronas, cohousing, coworking, couchsurfing, cooperativas de alimentos, ônibus escolares itinerantes, microcrescimentos compartilhados, aluguel P2P — a lista continua — são exemplos de consumo colaborativo… Embora esses exemplos variem em escala, maturidade e propósito, eles podem ser organizados em três sistemas: sistemas de produtos, mercados de redistribuição e estilos de vida colaborativos.
Daniel nasceu na Alemanha, mas é um cidadão do mundo. Pesquisa estudos sobre a natureza e sistemas ecológicos há mais de 20 anos. Tem uma vasta experiência não só acadêmica — é formado em Biologia e Zoologia pela Universidade de Edimburgo e mestre em Ciências Holísticas pelo Schumacher College e doutor em Design Natural pela Universidade de Dundee — mas também de sustentabilidade na prática, foi morador por mais de 10 anos em Findhorn, uma das mais duradouras ecovilas do mundo, no Reino Unido. Atualmente, vive em Maiorca, na Espanha e contribui para organizações como Bionneers, Gaia Education e CIFAL, entre outras.
Autor esteve no Brasil para divulgar livro
Daniel esteve no Brasil no começo de 2019 e cumpriu uma extensa programação.
Um aspecto interessante foi que Daniel quis fazer o lançamento de seu livro no estilo do que acredita aqui, com a colaboração na prática. Aceitou o convite de uma editora pequena do Rio de Janeiro que fez a primeira tiragem com pré-venda. Os livros foram divulgados boca a boca, pela web, ou seja com base na reputação de pessoas de diversas redes.
Eu comprei o meu exemplar em um grupo que foi formado a partir de uma postagem em grupo de whatsApp. Em menos de dois dias, mais de 100 pessoas se envolveram para adquirir seu exemplar. Em Porto Alegre, a entrega também foi feita de forma colaborativa.
Saiba mais no site da Bambual Editora.